Satisfaçao com a vida, escola, risco e protecçao ao longo da adolescência

Este estudo pretende analisar como evoluem ao longo da adolescência factores ligados à protecção e ao risco a nível individual, escolar e familiar que contribuem para a percepção de satisfação com a vida e bem estar nos adolescentes.Neste estudo foram utilizados dados da amostra Portuguesa de 2002 do estudo integrado na rede Europeia HBSC "Health Behaviour in School-Aged Children: a WHO Cross Cultural Study". Verificou-se que, dos vários comportamentos ligados à protecção e ao risco, se identificam três trajectórias: os que se agravam com a idade (a maioria), os que têm um pico aos 13 anos e ainda outros (uma minoria) que se dissipa com a idade; identificam-se ainda diferenças relativas ao género e ao estatudo socio-económico. Após esta análise da estatística descritiva, já publicada noutros trabalhos (Matos et al, 2003; Matos et al, 2004; Matos, Gonçalves & Gaspar, 2004), utilizaram-se quatro modelos de regressão múltipla para a análise da contribuição de cada uma das variáveis individuais e contextuais consideradas, para a satisfação com a vida e bem estar nos adolescentes: um modelo com a amostra total (n= 6131) e os outros com a amostra dividida em sub-grupos em função do ano de escolaridade (6º, 8º e 10º anos)Dos modelos de regressão múltipla retem-se que o género e o estatuto socio-económico não têm ainda efeito significativo na satisfação com a vida e bem estar no 6º ano de escolaridade, ao contrário do que acontece no 8º e 10º. A partir do 8º ano, a condição masculina, a ausência de sintomas psicológicos (tristeza, irritação, nervosismo), uma profissão do pai mais diferenciada, a satisfação com a escola, o apoio dos professores, a aceitação pelos colegas, a percepção de que os professores o(a) acham bom aluno, aparecem significativamente associados à satisfação com a vida e bem estar.É necessário envolver a escola na redução de riscos, promoção da protecção e na criação de oportunidades para a satisfação com a vida e bem estar, antes e ao longo da adolescência, com especial foco na inequidade associada ao género e ao estatuto socio-económico.